No dia de ontem, em várias tradições, comemorou-se o “Dia do perdão”. Não há um dia assim específico para o budismo porque todos os dias, indiferentemente, devemos estar prontos para esquecer e para perdoar.
Diz-se no budismo que a represália, a vingança são como brasas que pegamos para jogar naqueles que julgamos nossos inimigos ou opositores; o primeiro a se queimar é aquele que pega as brasas.
E recordei, ontem, eu uma palestra, a história de Pol Pot, do Camboja, em que, na tentativa de se criar uma sociedade perfeita, em que todas as pessoas fossem iguais, tratou-se de eliminar todo o passado e também de matar todas as pessoas que, por acaso, resistissem à nova ordem. Esse processo foi tão longe, que um terço da população do Camboja, de sete milhões de pessoas, foi morta. Pode-se imaginar, não havia quem não tivesse algo a reclamar do que aconteceu.
Um mestre budista, então, passou a reunir as pessoas em verdadeiras multidões com um único mote: a repetição da frase “o ódio não cessa com ódio, o ódio só cessa com amor”. E, com a repetição desse ensinamento budista, conseguiu-se que o país não mergulhasse em um ciclo de represálias, vinganças sem fim, que levasse à morte de mais um terço de sua população novamente. Assim, hoje, pode-se ir ao Camboja e ver em campos de extermínio pilhas infindáveis de crânios, dos ossos daqueles que foram eliminados na tentativa de criar um paraíso na Terra. Mas o país não mergulhou em um ciclo de vingança infindável, e escapou de um destino terrível, e pôde começar a se reconstruir.
Então, à luz desse exemplo, dos ensinamentos budistas, repitamos para nós mesmos cada vez que quisermos executar a menor represália: “o ódio não cessa com ódio, o ódio só cessa com amor”.
Teishô Matinal proferido por Meihô Genshô Sensei, setembro/2021.