Muitas vezes nós pensamos “eu fiz um bom zazen” ou “fiz um mau zazen” e ficamos examinando a qualidade do zazen, vendo se nossa mente ficou ou não tomada de pensamentos e assim não conseguimos sair do primeiro dhyana. Ou não conseguimos atingir samadhi durante algum tempo, ou mesmo durante um bom tempo.
Ou, se chegamos a estágios ainda mais profundos, sem nenhuma consideração ou mesmo sem a sensação de contentamento, mas esvaziados, sem percepção nem com percepção, perdendo a noção de nós mesmos e de nosso corpo.
Ficamos examinando o zazen e tentando imaginar em que dhyana estamos, ou mesmo após lermos os passos do boi ficamos tentando nos localizar em que ponto estamos. Essa tentativa de nos classificarmos na verdade atrapalha a nossa prática, porque ela leva para a prática nosso hábito intelectual de classificar. Embora os textos falem sobre isso e quando ensinamos sejamos obrigados de alguma forma a falar dos estágios em formato classificatório para explicar o que acontece, ficarmos andando entre as prateleiras da prática tentando saber a que ponto chegamos é uma tentativa de acumularmos méritos e colocarmos condecorações em nosso peito.
É melhor que sentemos e admitamos que somos iniciantes todo o tempo, é melhor que não tentemos alcançar níveis, mas deixar que eles ocorram sem nos autocongralutarmos com eles, sem transformarmos isso tudo em mais um curso, ou uma conquista para o nosso ego. Essas armadilhas naturais de nossa mente devem ser deixadas de lado e devemos sentar sempre como se fosse a primeira vez.
Teishô Matinal proferido por Meihô Genshô Sensei, agosto/2021.