A opção do caminho monástico | Monge Genshô

A opção do caminho monástico | Monge Genshô

Em toda a nossa vida, vezes sem conta, somos perturbados pelos acontecimentos circundantes. A opção do caminho monástico sempre foi afastar-se o máximo possível de tudo aquilo que pudesse perturbar a mente. E isso incluía originalmente todos os envolvimentos amorosos e incluía também toda forma de trabalho. Só quando o zen chama à China, com o grande mestre Pai-Chang, são redigidas novas regras para os monges, pois eles haviam se recolhido em monastérios e precisavam trabalhar para sua subsistência. Mesmo amanhar a terra ou produzir vegetais, eram coisas que haviam sido vetadas aos monges no tempo de Buddha. Com a mudança o zen começou a ser diverso do budismo mendicante do sul da Ásia. Hoje os monges têm famílias, precisam ter contas bancárias, precisam possuir objetos como smartphones para poder falar com seus praticantes e uma multiplicidade de outras necessidades apareceram.

Naturalmente isso cria alguns problemas e algumas agitações. Não há como deixar de reconhecer que existe uma certa perda nisso. Do outro lado, os leigos ascenderam a um nível de prática muito mais elevado do que nos tempos primitivos quando tudo que podiam fazer era alimentar e acolher os monges, porque o caminho espiritual lhes era praticamente vetado, deixado para outras manifestações kármicas.

Então os monges hoje no ocidente são um pouco leigos e os leigos são um pouco monges, frase atribuída a Shunryu Suzuki já na década de 60. Considerando todos esses aspectos, os praticantes devem procurar trabalhar e viver de uma maneira que seja mais livre de grandes envolvimentos e grandes turbulências. Devemos procurar a paz. Nos relacionamentos a fidelidade é uma boa maneira de manter a paz. No trabalho, procurar um trabalho que produza menos agitação é sempre melhor do que trabalhar num lugar turbulento ou em lugares com grandes exigências ou mesmo que tenha algum comportamento que fira os preceitos budistas. Isso está englobado no princípio de meio de vida correto, ação correta, fala correta, do nobre caminho óctuplo. O mesmo problema, portanto, importa aos monges e aos leigos.

Nossa prática de zazen deve nos ajudar a estabilizarmos num mundo tão turbulento, mas na medida do possível devemos nos afastar da turbulência do mundo para facilitar nossa prática. Usando sensatez e discernimento, tentemos conciliar as duas coisas para que nosso espírito possa viver em paz e para que a nossa mente possa manter a clareza que desenvolvemos no zazen.

Teishô Matinal proferido por Meihô Genshô Sensei, Junho-julho/2021.