Um aluno me escreveu, dizendo que vê o budismo em tudo. Isso é muito natural, porque o que Buddha fez foi interpretar e explicar as coisas tais como são. Ao explicar, por exemplo, o simples princípio da impermanência, ele nos fez abandonar as fantasias de uma alma eterna ou de um eu que sobrevive para sempre. Buddha apontou a fantasia da ideia de permanecermos tais como somos e não mudarmos e nos deu a consciência da mudança, da possibilidade de nos alterarmos, do fato de que somos capazes de mudar nossos próprios fardos, de não estarmos condenados, de forma alguma, à ignorância ou mesmo a um castigo eterno. Ao fazer isso, Buddha plantou esperança sem fim em nossos corações.
À primeira vista, o budismo ou a sua radical interpretação do zen pode parecer árido. À primeira vista ele parece retirar apoios e bengalas, mas, na verdade, ele nos dá esperança sem fim, porque há impermanência, porque o karma é mutável, porque somos capazes de mudar nossas ações e porque somos capazes de produzir frutos diferentes. Somos senhores do nosso futuro. Esta é uma ótima notícia.
Assim, esse dedo do budismo aponta para a liberdade, sem medo de deuses, sem medo de demônios, sem medo de castigos infinitos, sem medo de destinos inelutáveis. O budismo aponta para a esperança, acima de tudo.
Teishô Matinal proferido por Meihô Genshô Sensei, maio de 2021.