Pergunta: Nós estamos conversando sobre forma, manifestações e há aquela frase “forma é vazio e vazio é forma”. O senhor consegue nos dar uma demonstração do que é o vazio?
Monge Genshō: Não, porque o vazio só se manifesta como forma. Então se o vazio só se manifesta assim é impossível mostrar o vazio de um eu. O vazio não é algo, não é uma entidade, não tem planos, não tem propósito ou identidade. O vazio é vazio de um eu inerente. Todo o universo é vazio de um eu.
Como o vazio não tem intenção, propósito, plano ou existência própria, como ele está apenas se manifestando como forma, essa é uma maneira sutil de entender o fato de que todas as coisas são uma. Que você é um com tudo, que não há eu separado de coisa alguma.
É, na realidade, uma proposta filosófica bastante difícil de ser entendida, mas se você entende o vazio é como se fosse um despertar. Porque você mesmo é vazio de um eu, você e o universo são um, você é própria manifestação do universo. Você é uma forma do vazio. O vazio é você. Todo o universo é o vazio.
O vazio é a forma e a forma é, nada mais, do que vazio. Os agregados também são o vazio. Contato, sensação, percepção, formações mentais, consciência, sua noção de um eu é uma manifestação sutil de forma e, portanto, também vazia. Se você entende isso desaparece toda dor e sofrimento, é o que está escrito no Sutra do Coração. Desaparecem porque não há mais fim nem começo. (…)
Trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei, novembro de 2019 – Concórdia/SC.