(…)Mestre não vai atrás do aluno. O mestre aparece porque o discípulo o procura verdadeiramente, assim pode reconhecê-lo. O aluno tem que subir a montanha. Nós temos a célebre história de Bodhidharma.
Bodhidharma ficou 9 anos dentro de uma caverna e não aceitou nenhum aluno, em nove anos várias pessoas o procuraram e ele não recebeu. Um homem chamado Taiso Eka foi até a frente da caverna e ficou em pé durante três dias, sem comer e nem beber. Bodhidharma, como sempre, não deu importância, mas na terceira noite nevou e a neve cobriu os pés de Taiso Eka que, desesperado, cortou o braço. Vendo o sangue cair na neve, Bodhidharma achou que ele estava lá a sério. Foi até ele e perguntou: “muito bem, o que você quer?”. E Taiso Eka disse: “minha alma não tem paz, por favor, pacifique a minha alma”. E Bodhidharma respondeu: “me mostra tua alma e eu a pacificarei”, e Taiso Eka disse: “não posso encontrá-la”. Então Bodidharma concluiu: “pronto, já pacifiquei a tua alma”. Taiso Eka nesse momento despertou de todas as ilusões, iluminou-se e tornou-se discípulo de Bodhidharma e é sucessor dele. Taiso Eka é o vigésimo sétimo patriarca da minha linhagem até Buda. Bodhidharma é o vigésimo sexto e essa é a história da transmissão da luz. Toda ela é assim, difícil, demanda grande esforço por parte dos alunos, com professores para lá de exigentes.
Trecho da Palestra proferida por Meihô Genshô Sensei, 10/08/2018, Brusque/SC.