Você é um ser humano, você vive a vida do ser humano e de desejos humanos. Gosta de comida, gosta de sexo, desenvolve uma determinada orientação sexual qualquer, que você reforça à medida que a pratica. E qual é a natureza desse ser que você é quando morre? Onde você vai se manifestar? Se você quer comida, sexo, dinheiro, você quer amores, para onde você vai? Para o mundo humano. Então, você nasce aqui de novo, tudo igualzinho, começa tudo de novo e repete. Vive aquela vida de novo e repete aquela vida de novo.
Todos nós que estamos aqui somos repetidores de vidas humanas. Por isso a vitória de Buda não é ir para um paraíso. A vitória de Buda é livrar-se da repetição, porque a repetição que é o aprisionamento. Você não se flagra vivendo um verdadeiro castigo de repetições, porque você se esquece da vida anterior. Mas você só repete, repete, repete, sem fim.
Tem um estudo muito interessante do livro Gene, é um livro relativamente recente, com pesquisas feitas em 2014 e 2015. Nele, por exemplo, fala-se de pesquisas com gêmeos idênticos que têm exatamente o mesmo genoma. Identificou-se que a homossexualidade que aparece nos seres humanos é identificada por uma sequência específica de genes. Então, foram pesquisar gêmeos idênticos com o mesmo genoma, e se a homossexualidade realmente for identificada por genes, gêmeos idênticos ainda que criados em ambientes diferentes, tendo esses genes seriam homossexuais. A porcentagem de homossexuais na sociedade, que realmente vivem como homossexuais é por volta de 5%. Neste caso dos gêmeos, cada um foi criado num país diferente. E se a determinação genética de fato for inelutável todos seriam homossexuais. Mas a determinação genética representa 52% de chances, então existem 48% que não são homossexuais, apesar de terem o gene.
Então, qual é a conclusão? Nós temos uma programação genética que depende também de gatilhos ambientais. Você já nasceu programado, mas precisa de um gatilho qualquer para desencadear essa programação, como em qualquer outra coisa. Não adianta nascer com genes de muita inteligência, se você foi criado num lugar onde você não é nem alfabetizado, e não tem condições de desenvolver esse potencial. Você pode ser brilhante, muito inteligente, mas não tem material para usar essa inteligência. Então quando nós olhamos para os seres humanos, se tudo isso é verdade, nós temos que pensar: “poxa, nosso Carma já ocasiona nosso nascimento com determinadas programações, e ainda, nosso Carma vai dar probabilidade de ser criado em tal qual ambiente exposto a tais gatilhos”.
Com o câncer acontece a mesma coisa. Você tem a tendência para ter câncer, câncer de pulmão por exemplo, mas você não fuma e tem hábitos saudáveis. Então, o câncer não chega a se manifestar. Mas, se você fumar mesmo que for pouco tempo vai aparecer uma resposta rápida. Há muitos desses exemplos que só vêm a confirmar a visão budista.
O homem-bomba mata pessoas no terrorismo. E ele se manifesta num mundo de ódio, num mundo de raiva, num mundo onde você nasce e seu pai ensina a você: “o bom mesmo é ser homem-bomba”, porque acredita-se que sendo homem-bomba você vai para o paraíso. Então, ele se explode, e volta para o mundo do homem-bomba. Compreendem? Essa manifestação tem essa marca cármica, que o leva sempre para o mesmo lugar. E a mesma coisa acontece em todos os planos.
Você está repetindo vidas e seu Carma programa você de determinada forma. Você ainda tem um espaço de mudança e dependendo daquilo que você faz você reforça ou não a repetição, manifesta ou não algo.
Trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei.