Como conseguimos chegar a uma visão esclarecida da realidade?
Monge Genshō: Em primeiro lugar, fazer zazen. Em segundo lugar, praticar uma mente atenta em tudo que se está fazendo. Em terceiro lugar, entender os ensinamentos e os princípios. Quais são os princípios? Entender simplesmente o Sutra do Coração da Sabedoria já seria muita coisa. “Forma é vazio e vazio é forma, forma nada mais é que do que vazio, vazio nada mais é do que forma” – só entender isto já é muito.
Pergunta: Entender isso de uma forma prática é uma coisa que quase ninguém vai conseguir fazer…
Monge Genshō: Mas entender intuitivamente você pode conseguir. O que é que significa? Toda forma é o próprio vazio. Mas o que é que é o vazio? Vazio é a declaração de que todas as coisas do universo são vazias de um eu inerente. Não há um eu inerente, nada tem um eu inerente, você não tem um eu inerente independente de todo o resto.
Pergunta: Conceitualmente é maravilhoso, mas e experienciar isto? Para atingir esta experiência se exige um treino.
Monge Genshō: O treino mesmo é o zazen.
Pergunta: É difícil a gente ver isso porque a nossa mente funciona por símbolos, não é? Olha para um cabideiro, por exemplo, e já vem junto esse conceito, então é difícil enxergar…
Monge Genshō: Então em cada momento você tem que olhar para todas as coisas e dizer: todas as coisas são vazias, tem “eus” atribuídos, esta casa não passa de pedaços de coisas juntas arrumadas de uma determinada forma. Sou eu quem as olho e dou a elas a denominação de casa. Então ela só existe na minha cabeça.