Estava dirigindo quando parei, em uma sinaleira, perto da comunidade zen budista de Florianópolis. Sentado na calçada, um mendigo barbudo, com uma trouxa ao lado. Andando pela chuva fina vejo chegar um jovem aluno do zendô. Ele leva nas mãos uma grande barra de chocolate. Sem olhar para os lados, indiferente aos carros, leva a barra até o mendigo e a entrega. O beneficiado parece algo surpreso, mas a recebe. O jovem faz uma reverência em gasshô (mãos postas) como se estivesse olhando uma estátua de Buda. Depois retorna pela rua sob a água que cai, sem se apressar. Passaram-se semanas, não ouvi a menor referência ao acontecido.