P: “Por acções manifestamente contrárias à Lei – entenda-se Lei do Karma,
que é como a vejo referida pelos mais altos e respeitáveis representantes do
Budismo – os seres segundo alguns SUTRAS sofrerão horríveis tormentos
em sucessivos infernos, por intermináveis kalpas e éons. “
Agora não sei que palavras usar para fazer a pergunta de forma a que
não seja mal interpretada. Porque é que os sutras descrevem isto?
R: Porque os seres, gerados pelo carma, sofrem sucessivos tormentos causados pelas ações pregressas, dos seres que geraram o carma que ocasionou o impulso que os gerou.
P: É porque aqueles seres desconhecem o não eu?
R: Porque desconhecem a ilusão do eu os seres geram carma que produz outros seres, se há iluminação completa este ciclo se extingue.
P: Tudo aquilo é irreal?
R: É irreal por que sua substância é a ilusão, mas o sofrimento é real, mesmo que seu pesadelo seja irreal vc sofre e geme.
P: Quando o Senhor Buddha se referia aos seres que iam para os infernos,
era só por pura poesia?
R: Não, porque nossa ilusão cria os infernos, uma pessoa mergulhada em raiva já está no reino dos infernos. Um iluminado, mesmo aqui neste mundo, já está no nirvana.
P: Não existem causas cujo efeito é a criação de infernos?
R: Sem dúvida, o exemplo acima é o da raiva.
P: E se existem quem vai para lá?
R: Aquele que está com raiva e ódio já está lá.
P: Se não existem porque se fala neles e se os descreve?
R: Porque existem, mas não são propriamente lugares, apenas se seu entendimento for estreito esta compreensão é a única que surge, e dependendo do público é conveniente ensinar assim.
P: Não é a mente ultima, mas sim o eu, que vai para o inferno?
R: Não há um eu que sobreviva à morte, o eu é uma operação mental, o que sobrevive e continua é o carma.