Decisões

Decisões

Pergunta – Quanto é de destino e quanto é de livre arbítrio?
Monge Gensho – De livre arbítrio é muito pouco. Essa história toda demonstra mais ou menos isso. Você está numa corrente de carma, é como se estivesse num rio arrastado pela corrente. Essa corrente é muito forte e você não consegue voltar a subir o rio novamente, não consegue ir para a margem; às vezes, acontece de surgir um remanso e você até poderia se deslocar para a margem e sair do rio. Há, como essas, poucas ocasiões em que isso é possível. Normalmente todos ficam na torrente e vão sendo arrastados por seu próprio carma sem conseguir escapar. Existem momentos em que você pode fazer escolhas que mudam sua vida, digamos que o rio se divida em determinado ponto, e que com um pouco de esforço você pode ir para um dos lados. É comum surgir o pensamento, “ah, se tivesse escolhido o outro caminho…” Aquele momento teria mudado a vida inteira. Mas normalmente você está no fluxo da própria vida e não consegue facilmente sair dele, você fez uma filha há alguns anos, não é? Agora ela teve um filho; você consegue escapar de ser avô? Mesmo que você quisesse, mesmo que tentasse, pensando, “não, não vou prestar atenção, não vou me ligar a esse neto, não colocarei nenhuma paixão nessa relação e irei morar no Butão”, ainda assim, você seria o avô. Você até poderia fazer isso, mas eu aposto que não faria.
Aluno – Por isso que eu penso que quando a gente vai tomar uma decisão, tem que estar muito seguro, muito certo sobre o que vai decidir.
Monge Gensho – E como estar certo? Você não sabe. Você só sabe depois. E mesmo assim, é um saber suposto, porque você não sabe realmente como seria se você não tivesse tomado a decisão. Temos uns amigos que estão tentando migrar para a Austrália, estamos observando o que pode acontecer; talvez eles consigam. A grande diferença será para seus filhos pequenos, eles sofrerão, não é fácil fazer isso. Nossos antepassados fizeram; gente muito corajosa.