Na nossa vida profissional funciona tudo ao contrário, você irá escolher a melhor pessoa para determinada tarefa e irá exigir dela proficiência. Frequentemente você terá que ser intolerante, fazer cobranças e assumir seu papel tal como ele é. Quem é policial tem que ser policial, chefe de cozinha tem que ser chefe de cozinha, integralmente. O professor tem que ser severo, cobrador. O policial tem que ser duro, incorruptível, e muitas vezes, intolerante. Embora a cada momento tenhamos que medir os limites das situações, não há regras claras, esse é o desafio da vida: viver sem ensaio. A Sangha não é assim. Nós podemos saber se somos bons praticantes quando as condições não são boas, quando chove e faz frio, e mesmo assim, as pessoas vão praticar. Isso é uma boa prática. Porque ir praticar quando as coisas estão maravilhosas, não tem nenhum mérito.
Pergunta – Acredito que em relação à questão da dependência do professor ou da Sangha, é importante que a pessoa tenha uma força interna para praticar, algo que lhe seja inato, uma força de vontade. Seria isso?
Monge Gensho – Não é inato, é construído. É claro que o sesshin, a Sangha e todo o restante, serão reforços que nos levam à prática. Mas ter uma determinação própria que não dependa do professor, é muito importante.