1) O Senhor foi muito gentil ao falar das crenças, mas no Cristianismo o Senhor não tocou.
Você sabe qual é a crença fundamental do Cristianismo? A ressurreição, não é? Cristo venceu a morte e isto é o que significa “salvar”. A igreja tinha um dístico em latim, “SINE ECCLESIA NULLA SALVATIO” – sem a igreja não há salvação. Você tem que estar dentro da igreja e, PORQUÊ Cristo venceu a morte e ressuscitou, então, todos os homens poderão ressuscitar, se seguirem a igreja, as regras.
Isso fez do Cristianismo uma solução muito bonita no momento do Império Romano. Porque antes, os Deuses Gregos e Romanos, eram Deuses humanos, ciumentos, guerreiros, traidores e você estava à mercê deles. O Cristianismo trouxe regras claras: Você faz tais e tais coisas, de tal e tal forma e está garantida a sua ressurreição. Claro que o Cristianismo teve momentos de grande degeneração. Chegou um momento por exemplo, 500 anos atrás em que a salvação era vendida. A venda das indulgências. Então você era salvo. Mas esta era uma questão da instituição em crise moral. O budismo também passou por coisas assim.
Agora, à parte das crenças, o Cristianismo em si tem uma profundidade desconhecida dos que o conhecem superficialmente. A maioria dos Cristãos não sabe sobre isso. Por exemplo, eu vou citar uma frase de Paulo: “Não sou mais eu quem vive, mas Cristo quem vive em mim”. Esta é uma frase profunda. “Não sou mais eu quem vive”, eu morri pra mim mesmo. “Cristo que vive em mim”.
Agora dê uma olhada numa frase Budista, como a que eu disse a pouco: “Você não é um redemoinho, você é o céu azul”.
Você vê similaridades?
São João da Cruz, grande místico cristão, diz assim: “eu morro porque não morro”, em um de seus poemas. Eu morro, porque não morro para meu “eu”. Porque eu não morro para mim mesmo, então, eu não posso sentir a Deus. Deus não vive em mim, porque eu não morri. Então eu morro, porque não morro. Porque não morro para mim mesmo.
Se nós pegarmos uma frase de um Mestre ZEN, do Seculo XIII, Dogen Zenji, que trouxe o ZEN da China para o Japão, ele diz assim: “Estudar o Zen, é estudar a si mesmo, estudar a si mesmo, é esquecer de si mesmo, e esquecer de si mesmo é ser iluminado pela miríade de todos os dharmas”.
Não estão todos estes falando a mesma coisa? Estão.