6) Gostaria de entender melhor o renascimento na visão Budista.
Monge Genshô – No Budismo falamos em “continuidade cármica”, mas não de continuidade de um “eu”. Retornamos, mas não com nosso “eu”. Nosso “eu” se dissolve a cada vida, assim como se dissolve a cada dia, a cada semana você é um pouco diferente. Esse “eu” fantasia que vestimos nessa vida e a cada nova vida, deve ser construído e o que se manifesta novamente é o carma, mas do ponto de vista da prática do zazen, ninguém precisa aceitar isso como verdadeiro.
Se você quiser pensar que não existe continuidade alguma e que todos os impulsos se dissolvem e que todas as manifestações são manifestações que saem desse conjunto, isso não alteraria a sua prática, não é necessário você ter uma crença em algo para praticar zazen.
Tradicionalmente os mestres falam em continuidade porque seria absurdo que um impulso qualquer se perdesse e nada acontecesse. Uma vez que todo efeito tem uma causa, deve haver alguma causa para o efeito que você é. Essa causa para os Budistas é o carma e não aceitamos a continuidade de um “eu”, de uma alma ou espirito.
Não existem almas imortais, não existe efeito sem causa, sempre haverá continuidade e em razão disso você é responsável por quem você é e pela continuidade que haverá depois de você.
Você é hoje o resultado de coisas que trouxe do passado, suas paixões, seus gostos, seus impulsos e seus atos. Se você deseja mudar, mude sua mente, caso contrário haverá repetição e continuidade, o carma gerará uma nova identidade e tudo continuará igual a agora.