Temos então duas grandes fontes de sofrimento: apegos, principalmente afetos, meu filho está passando as férias aqui comigo, amanhã pela manhã ele irá embora, ontem eu sonhei que ele estava indo embora, então me emocionei. A outra fonte de sofrimento é a aversão, o “não gosto”. É claro que na nossa vida comum, se temos um problema difícil de resolver e você não consegue ficar junto, é melhor não conviver. Mas aí não é a vida dos mosteiros. No caso, fora dos mosteiros, o melhor é evitar os relacionamentos perturbadores. Mas com relação ainda aos apegos, não é porque sofreremos por termos apegos que deixaremos de ter amor. O que temos que fazer é admitirmos que a vida é constituída desses envolvimentos e das consequentes perdas, e aceitar que os afetos vêm e vão, que as coisas surgem e terminam.
Para quem trabalha com pessoas e ouve esses tipos de problemas o tempo todo, acaba aprendendo, pois vem uma pessoa e lhe diz – “Eu tinha um relacionamento, um amor, e agora aconteceu uma separação e estou sofrendo muito”. Sei que o sofrimento é real, mas também sei que em alguns anos ao encontrar essa mesma pessoa e ao lhe perguntar sobre o relacionamento ela dirá, “que bom que acabou, encontrei outra pessoa”. Por isso no Sutra do Coração está escrito que “aquele que atinge a iluminação livra-se de toda dor, agonia e sofrimento”. Sua dor e sofrimento desaparecem, pois sua visão de mundo mudou. É como você gostar muito desta xícara, mas ela cai no chão e quebra, o que deve ser feito? Buscar a vassoura e juntar os cacos. Não existe muita utilidade você lamentar sobre os cacos. Não tem muita utilidade essas coisas que arrastamos. Quando as coisas caem e quebram o que temos que fazer é juntar os cacos.
PERGUNTAS
1) Quais são as causas do sofrimento que o Senhor falou?
Monge Genshô – O apego, a aversão e a ignorância. A ignorância é a falta de compreensão. Conhece as pessoas que fazem escândalo porque quebra alguma coisa? Elas brigam e criam um mal estar tremendo por causa de algo que não tem conserto, esse é um dos aspectos da ignorância.