2) Dentro do que o Senhor está falando, o mais importante então seria estar no presente, independentemente de onde você esteja?
Monge Genshô: Considere que você pode estar em zazen (meditação sentada) e não estar fazendo zazen coisa nenhuma. Pode sentar e ficar lá o tempo todo pensando e elaborando um monte de coisas. Você não fez zazen. Porque zazen é ficar aqui, neste momento. Se você senta em zazen e consegue ficar alguns minutos realmente aqui, já é uma grande coisa. Se você consegue ficar 40% do tempo do zazen realmente em samadhi (concentração sem julgamentos), isso é ótimo, porque é muito difícil.
Ninguém precisa me contar aqui que na realidade ficou sentado fazendo coisa que não era zazen. Eu sei. Eu sei que é assim. Então o mais importante realmente é conseguir acessar este agora, estar realmente aqui.
3) Eu me percebi ultimamente, talvez, dentro de uma armadilha. Durante a prática fui relaxando e percebi minha mente muito inquieta e eu me questionei, porque quando eu tenho uma prática mais regular eu realmente me sinto mais acomodada, então eu vi um certo jogo dentro de mim.
Monge Genshô: Nem os mestres mais adiantados param de sentar. Ninguém para de sentar, você continua fazendo isso porque estabiliza a sua prática. E nada estabiliza mais a prática que um sesshin (retiro) de verdade. Porque não é como um zazenkai (dia de zazen). A gente acorda as 4 da manhã, às 4:20 estamos sentados e aí começa: zazen, kinhin, zazen. Café da manhã, cerimônia. Samu, trabalho. Acabou volta, zazen, kinhin, zazen. Palestra, zazen, kinhin, zazen. E assim vai indo. De tarde a mesma coisa, até as 22 hs. Quando você vê, fez em um dia 16 zazens de 40m.
Aí a mente muda muito. Porque você acumula prática. Fazemos até 7 dias seguidos. Zazen todo dia, sem parar. Tem até um monastério no Japão, Antaiji, que é famoso porque não faz mais nada nos retiros, zazen sem parar, só 6 horas de sono por noite.