É um erro declarar que liberdade não inclui a liberdade de ofender, afinal quem decidirá o que é ofensa ou não? Como dissociar esta declaração de uma defesa da censura prévia? Mesmo que algo seja absolutamente de mau gosto e pornográfico qual será o tribunal a decidir isto? Como teremos imprensa livre se cada grupo e religião tem seus critérios à respeito do que é ofensivo ou não? Eu posso saber no meu quadro referencial mas e quanto ao quadro referencial dos outros?
Um mulá islâmico tem uma idéia bem diferente de um padre do que é insulto a fé. Se queremos uma imprensa livre não poderemos ter censura de espécie alguma, se houver injúria, difamação ou calúnia elas devem ser tratadas a luz da lei de reparações posteriores. Qualquer um que pretenda restringir isto apelará para seu quadro referencial e tentará impor seus valores aos outros, isto é o fim da liberdade tão duramente conquistada pela civilização.
Para um budista não há nada que precise ser visto como insulto, somos nós que nos ofendemos, os outros emitem sons que nós interpretamos como tal, um cão a ladrar com fúria nada mais é que um emissor de sons. Não há sentido em reagir com um murro a quem ofenda com palavras nossa mãe, não dar importância alguma é uma resposta mais sábia.