Aluno – O Senhor acha que tem como haver um sentimento sincero de compaixão sem ter um insight da unidade?
Monge Genshô – Quantas pessoas ainda pensam só na raça humana, só na nossa raça? Olhamos para os animais e pensamos: são úteis ou são inúteis? Não pensamos no sofrimento deles. Eu vejo muito especismo, discriminação por espécies. Nós vemos nas redes sociais, as pessoas colocarem: “coitado de um cachorrinho abandonado, etc.”. Esses dias colocaram com mensagens de horror, fotos de um açougue na Coreia com cachorros pendurados, “cães, olha que coisa horrorosa”. Eu perguntei qual é a diferença entre cães, ovelhas, bois, por quê pena de um cachorro se não tem pena de um boi? No fundo é a mesma coisa. Se aquele povo come cães e você come ovelhas é só um fenômeno cultural, não é diferente disso.
A sua consciência vai aumentando à medida que você inclui os outros seres e amplia o tamanho da sua consciência para colocar mais gente nela. Amplie o tamanho da sua consciência. Nós poderíamos olhar para as pessoas e defini-las em termos de “qual é o tamanho da consciência delas”. É uma pergunta que nós devemos fazer. Qual é o tamanho da minha consciência.
Compaixão mesmo, exige que você esqueça de si mesmo. Se você não tiver isso, você tem pena, piedade, mas não é compaixão. Compaixão é outro nível, mais alto. Não é apiedar-se do sofrimento alheio. Claro que apiedar-se é uma coisa boa, já é muito melhor do que não sentir nada. Agora, compaixão, é completamente diferente, pois eu e o outro somos um, a dor dele dói em mim, eu sinto a dor dele, é completamente diferente. Pena ainda é: “eu estou aqui e tenho pena daquele outro que está ali”. E isso me leva sempre à consideração sobre as esferas de consciência. Então há pessoas cuja consciência vai até a sua pele, outras até o muro de sua casa, outras a sua cidade, ou seu país, outras abrangem os outros seres. (continua)