Aluno: Eu já li sobre outros tipos de meditação e encontrei coisas sobre samatha e vipassana, que são mais focadas na respiração.
Monge Genshô: No Zen, nós partimos para um formato de meditação que é de um nível difícil e chama-se shikantaza, que é o que estamos praticando aqui. Shikantaza quer dizer apenas sentar-se. Vipassana, pelo menos em seus estágios iniciais, são técnicas voltadas para observação e que eventualmente nós usamos aqui. Quando eu digo, por exemplo, que se estiverem muito agitados vocês podem contar respirações, essa é uma técnica do vipassana. Se você se concentrar apenas na contagem essa será uma âncora muito boa para se manter presente, mas logo em seguida o cérebro consegue colocar a contagem no automático, então você chega e no seis e de repente percebe que está pensando em uma viagem que pretende fazer. Mesmo as técnicas mais ancoradas perdem a validade depois de um tempo, por conta dos hábitos mentais.
Existem muitas outras técnicas de meditação, já vi listas com mais de 40. Você pode começar a ter consciência do corpo, prestar atenção no seu pé, depois no tornozelo e ir sentindo cada coisa separadamente, essas são técnicas de consciência corporal. Samatha, normalmente, quer dizer acalmar-se ou serenar-se. Ela é usada para atingir um determinado grau de concentração, mas nós não usamos esses termos, embora todas essas técnicas estejam também presentes no Zen. Talvez se você descrever um formato de prática do Zen para um professor de outra escola ele pode dizer que é vipassana, ou samatha, mas isso são só palavras.
Tem uma historinha sectária do Zen que diz: vipassana e samatha são asas de um pássaro. Você usa observação e treinamento da mente em uma asa e usa também concentração, serenidade e esvaziamento em outra asa. O pássaro precisa das duas asas para voar. Samatha e vipassana servem para o pássaro conseguir voar no céu azul. O Zen é o céu azul.