Palestra em Sesshin de Goiânia [novembro de 2015 – parte 5]
Monge Genshô: Por que existem os rituais? Por que existem as vestes? Por que existem todas essas coisas? São fenômenos culturais sim, no entanto eles são meios hábeis que permitem todas essas coisas, permitem as instituições, permitem uma espécie de poder porque nós temos uma atitude em relação a isso, somos nós que fazemos o rakusu, um objeto especial, porque nós costuramos longamente; cada vez que nós vamos costurar, vamos lá e fazemos três prostrações e pegamos o rakusu, acendemos o incenso e vamos costurar, e é complicado, dá muito trabalho. E por causa disso o rakusu torna-se um objeto especial, ele é um teste também de persistência. Muita gente começa a costurar o rakusu e não termina, mas sempre o motivo é mental, porque alguém que realmente já sabe fazer e resolve fazer o rakusu, poderia costurar em 2 dias. Normalmente a gente leva 2 a 3 meses costurando, e pode ser uma experiência muito interessante. O que quero dizer é que ele se torna sagrado porque você o torna, não porque ele é. Trata-se só de um pedaço de pano, assim como o manto de Buda, só um pedaço de pano.
Os rituais não são nada mais que caminhar, oferecer incenso, etc., etc. Como é que a cerimônia da manhã pode ganhar significado? Se você pensar: “estou recitando os nomes de todos os patriarcas de Buda, um a um, não são esquecidos como meus bisavós, porque lembro o nome deles, Shakyamuni Butsu Daioshô, Makakashô Daioshô, Ananda Daioshô, Shônawashu Daioshô, Ubakikuta Daioshô, mais de 2 mil anos, nós lembramos os nomes, meus bisavós não lembro, meus antepassados do Dharma, aí sim”. Este é o significado. (Continua)