Aluno: Quem cometeu homicídio também está gerando carma para si?
Monge Genshô: Com certeza. Mas o que Nagarjuna fez foi não deixar que seus discípulos se envolvessem…
Aluna: …arranjassem um carma para eles mesmos…
Monge Genshô: … odiassem, perseguissem, vingassem, ele impediu isso. Então ele fez uma grande coisa ao negar-se a revelar seu assassino. Eu acho uma história muito significativa, muito bonita, porque é muito difícil nós dizermos para nós mesmos quando acontece uma coisa assim: “fui eu mesmo, fui eu que fiz por onde isso acontecer”.
Quando eu olho para a minha vida, aconteceram algumas coisas bem desagradáveis, e todas elas fui eu que provoquei com minhas escolhas. É bem claro, fui eu que arrumei o problema, redundou nisso e depois no meu sofrimento, e no sofrimento de outras pessoas – por minha causa; por isso, então, resolvi que mudaria minha conduta, minha maneira de viver, e isso mudou também meu carma e minha vida.
Portanto, a resposta para a sua pergunta original é sim, merecemos tudo o que acontece conosco, de alguma forma. Às vezes parece que não: uma criança sofrendo, por exemplo. Mas quantas pessoas cruéis existiram em seu passado cármico? Ela então tem a oportunidade de nascer, e tem o retorno cármico. Quantos de nós, em vidas passadas, não fomos soldados com canhões, atirando flechas ou dando tiros em outras pessoas, etc.? Um dia nós recebemos um retorno, e achamos injusto, mas não o é.
[N.E.: texto transcrito de Palestra realizada por Monge Meihô Genshô em Florianópolis, 26/09/2016]