Monge Genshô: Eu me lembro de passar um ano me levantando de madrugada para fazer zazen e no fim do ano eu estava muito desiludido, ainda era leigo, e pensei: “afinal de contas, o que eu aprendi em um ano me levantando de madrugada para sentar?”, e me veio a ideia do que eu tinha aprendido – “Pensar é inútil”. Você está tentando resolver os problemas todos pensando, e devemos saber que não é pensando que vamos resolvê-los.
Aluno: Como resolvemos?
Monge Genshô: Eu não deveria responder, mas é através de insights. Você resolve através de uma claridade que lhe vem e que resolve tudo de uma vez só. Não é através de soluções raciocináveis. É por isso que muitas pessoas vão fazer terapia psicológica anos e anos raciocinando na frente do seu terapeuta, e passam 10 anos e ainda não resolvem, porque não é pensando que nós resolvemos.
Contudo, isso não quer dizer, em absoluto, que as terapias sejam inúteis. Elas são úteis e devem ser usadas por pessoas que estão com dificuldades, mas não vão alcançar iluminação com isso. Quando uma pessoa tem dificuldades sérias, eu digo que precisa de uma terapia, ou mesmo um psiquiatra, como na anedota: – O aluno chega e diz -”Eu acredito em homenzinhos verdes na galáxia de…” – e eu digo: “sim, está bem. Eles falam com você?”. Ele diz: “não”. “Ah então não é grave. Se eles falam com você, então lhe encaminho ao psiquiatra”.
Se essa pessoa sentar em zazen, virão outras alucinações na sua mente, porque mesmo uma pessoa que está bem e tem discernimento do que é fantasia e realidade, ela sofre. O Zen tem finalidade diferente: não serve para tratar de distúrbios.
[N.E.: transcrição de trecho de palestra realizada pelo Monge Genshô Sensei]