Quem é Você? (parte 2)

Quem é Você? (parte 2)

Quem é você?” Depois de quatro ou cinco perguntas, geralmente uma pessoa diz: “eu não sei”, porque ninguém sabe quem é. Quando Buda ilumina-se, ele diz para si mesmo: “tu não me enganarás mais”; ele vê a si mesmo e diz “tu não me enganarás mais”. 

Todos nós nos enganamos a todo tempo – olhamo-nos no espelho e dizemos: “aí estou eu”. Mas a consistência, a realidade do seu ser é tão sólida quanto aquela que você vê no espelho, ou seja, é consistência zero. Não existe uma solidez no que você vê. O que você vê na realidade é o reflexo da luz visível em uma parte do espectro eletromagnético batendo nos átomos do seu rosto. Não é real, é só uma fração muito pequena da realidade: o espectro da luz visível no espectro eletromagnético é equivalente a um fotograma em um filme com três mil quilômetros de comprimento – de Florianópolis até Salvador. Este espectro da luz visível é um fotograma, e o resto todo nós não vemos. E você acha que vê a realidade? 

Pensem: agora, através de nossos corpos estão passando todas as mensagens de celulares que os satélites em cima de nós estão transmitindo. Se você pegar um celular e sincronizar um determinado número, você vai ver aquela mensagem. Essas mensagens estão passando por nós todo o tempo, e se as víssemos ficaríamos arrasados pela quantidade de informações que está passando aqui nesta sala neste instante, mas vocês estão ouvindo só e somente só a minha voz. Todo o resto não está sendo visto. 

Então, o que estamos vendo é uma fração infinitesimal da realidade disponível, e nós acreditamos que isso aqui é a realidade. Por qualquer aspecto que nós olhemos, tudo o que está aqui são conjuntos de átomos, códigos genéticos em operação, funcionamentos extremamente frágeis. É muito fácil que nosso planeta desapareça, que todos os seres humanos desapareçam, etc. A terra já passou por cinco grandes extinções em que morreram 70 ou 90% de toda a vida que aqui habitou. Portanto, que ocorra uma outra extinção e que nos faça desaparecer é bastante plausível. 

(CONTINUA)
[N.E.: trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]