O Budismo é Experiencial

O Budismo é Experiencial

A Índia era um país particularmente rico, e ainda  é, nas mais diferentes crenças e formas de prática religiosa. Eles tinham ascetas, a antiga religião dos vedas, e, como se diz, tinham 300 milhões de deuses.

Havia também as mais diferentes formas de filósofos, com ideias das mais diversas, inclusive um caleidoscópio de posições conflitantes, e a Índia foi particularmente tolerante quanto a isso. Todas as religiões que surgiam tinham suas particularidades, e todo mundo aceitava.

Buda era provavelmente um rapaz muito inteligente, pois ele teve o privilégio de ter uma educação esmerada para o seu tempo – era príncipe. Ele era da classe xátria, os governantes. O pai dele era rico, posto que rei de um pequeno principado, e pôde dar a Siddharta Gautama Shakyamuni (da tribo dos Shakya), boa educação, tanto filosoficamente como nas artes da guerra, pois era da classe dos guerreiros. Então Buda teve treinamento na espada, no arco e flecha, e existem várias histórias em torno das suas habilidades. Provavelmente parte dessas histórias são míticas, pois a medida que o tempo passa, mitifica-se um personagem.

Agora, Shakyamuni era naturalmente cético. Percebemos isso em seus raciocínios: ele não aceitou nada gratuitamente. Ele chega ao radicalismo de dizer que ninguém deve aceitar as coisas só porque alguém disse. No fundo, vocês não são obrigados a aceitar nada que o Sensei [Professor] disse, não existe nenhum dogma. A estrutura do budismo é experiencial, você  tem que ir lá e experimentar.
A função do Professor no Zen é dizer: “Zazen é assim, faça assim que você também vai ter uma experiência”. Se você a tiver, não precisa mais acreditar, pois tem sua própria experiência, e, portanto, seu saber próprio. Sabedoria substitui qualquer crença. No fundo, a palavra fé no budismo refere-se mais a confiança no ensinamento do que fé propriamente dita. 
[Trecho extraído de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]