Shakyamuni e o Caminho do Meio

Shakyamuni e o Caminho do Meio

No tempo de Shakyamuni, o ascetismo era o caminho disponível na Índia. Havia a tradição de que aquele que tinha uma angústia espiritual tornava-se um samana, um asceta, para tentar resolver o problema de verdade. E isso era encarado como uma escolha legítima. de modo que esse ascetismo era levado a um ponto muito agudo, tão agudo como o próprio Buda relata, que em dado momento ele estava quase morrendo. O seu sentar parecia uma pisada de camelo. Eram só os ossos do ilíaco, e ele era tão magro que todas as suas costelas e ossos do rosto apareciam. Ele estava quase morrendo de tanto se sacrificar e tentar chegar a uma solução, e os mestres que ele tivera o ajudaram bastante a pensar, raciocinar e fazer exercícios cada vez mais rígidos. Cada um ofereceu a ele  ser seu sucessor, mas Shakyamuni não aceitou, pois achava que não tinha conseguido uma solução real.

No final de sua prática ascética, ele aceita, de uma moça chamada Sujata, arroz com leite. Era um verdadeiro crime ele aceitar uma refeição assim na frente de seus colegas ascetas, mas então sente-se fortalecido por receber alimento, e resolve sentar e não se  levantar enquanto não conseguir resolver o problema da morte e do envelhecimento, a questão de que para ele, naquele momento, a vida não fazia sentido, e que todos estavam loucos, correndo atrás de ilusões. Decidiu sentar-se para descobrir uma saída para a sensação niilista, de que não existe nada e vê que só estão falando em crenças. Até então ele havia tentado resolver sua angústia existencial através do ascetismo, mas os caminhos que lhe foram apresentados não lhe haviam ajudado.

Shakyamuni abandonou primeiramente cada um dos mestres. E, depois, verificou que sozinho também não havia conseguiu chegar a lugar algum. Por fim, resolveu abandonar o caminho do sacrifício extremo. E por isso diz-se que o caminho do budismo é o caminho do meio. Nem muito sacrifício, nem licenciosidade. Madhyamika, o caminho do meio. 
[Trecho extraído de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]