Se alguém perguntar: para o Zen, qual é o sentido da minha existência? A resposta é: não há nenhum sentido na sua existência, a sua existência é um engano. Você quer dar um sentido para a sua existência, mas não há sentido. O grande sentido é um todo universal que não nasce e nem morre. Esse “você” que nasce e morre é um fenômeno ilusório, é uma manifestação do universo com tanto sentido quanto as formigas, as abelhas ou a grama que nasce no solo. Daí vem você e corta a grama, empilha e faz dela húmus, e acharia um absurdo se a gente perguntasse: qual é o sentido da vida de uma folha de grama? Mas nós não somos muito diferentes de uma folha, nossa importância para o universo é idêntica a dessa folha. Ela nasce, morre, se desfaz, vira adubo, nasce mais, está num grande fluxo universal de movimento, e nós também fazemos parte desse grande fluxo de movimento, mas começamos a nos dar importância como indivíduos, e por isso geramos sofrimento. Por isso geramos uma crença em nós mesmos, que é o oposto da iluminação.
A iluminação é o oposto dessa noção de que eu tenho sentido e um valor especial ou uma missão para realizar nesta vida e nesta Terra. Tudo isso que todos tanto acreditam, que querem viver e deixar uma marca especial de suas vidas na Terra, é pura ilusão. Quem deixa marcas importantes ao longo do tempo? Ao longo do tempo todos seremos esquecidos, civilizações inteiras serão esquecidas. As civilizações que não deixaram livros foram esquecidas; as que deixaram são relativamente recentes, mas dado tempo suficiente também serão esquecidas.
[Trecho extraído de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]