O budismo em cada lugar se liga às manifestações locais. No Japão isso também aconteceu. O Japão não é bem zen budista. É shinto-zen budista. Está misturado com uma religião xamânica shintoísta. Há umas coisas que você percebe que não tem nada a ver com o que você aprendeu sobre o zen no Brasil. No budismo tibetano, eles estão ligados à religião Bon, que era uma religião xamânica anterior de lá. E é isso que você vê que é tão diferente no budismo tibetano. Mas para os tibetanos não é estranho.
Agora, aqui no ocidente, está surgindo um zen mais puro. Porque eu estou ensinando aqui e não preciso misturar o zen com nada. E isso só está acontecendo no ocidente porque o aluno que vem aqui não quer isso. Ele quer lógica. Ele não quer deuses nem coisas assim. Mesmo que quando você anda aqui no zendô veja estátua de Kannon ali na sala, Bodhisatva da compaixão. Lá na cozinha uma estátua de Idaten, que é na realidade uma divindade incorporada. Mas é tradicional estar na cozinha, porque ele rapidamente corre pelo mundo para juntar os alimentos para alimentar a sangha. Então é uma divindade mítica. Não tem a ver com o budismo original, tem a ver com o budismo que adaptamos através dos tempos para melhor chegar as pessoas de cada cultura.
(Continua)
[Trecho de palestra proferida por Meihô Genshô Sensei]